“Pontos turísticos, lojas bacanas, restaurantes tradicionais: tudo de bom que o bairro oferece”.
A Liberdade (リベルダーデ), nosso bairro oriental por excelência, faz parte do imaginário paulistano com suas lanternas vermelhas nas ruas – que convidam a muitos cliques para as redes sociais. No início do século passado, os imigrantes japoneses foram ocupando a região, que hoje está repleta também de coreanos e chineses. Confira um roteiro com dicas para aproveitar melhor o passeio por lá.
1. Ainda que seja japonesa na origem, a Liberdade é a nossa Chinatown (ok, pode ser Japantown também). Chineses e coreanos deixam suas marcas na arquitetura, no comércio e na cultura do local.
2. O bairro é um dos mais turísticos da cidade, repleto de cantinhos para tirar uma selfie.
3. Não à toa, o pedaço já foi cenário de filme. O longa Estação Liberdade, de Caio Ortiz, mostra situações quase surreais na área. Conta a história de Mario Kubo, um trintão insatisfeito no trabalho e no casamento, que passa momentos de inesperadas aventuras, inclusive sexuais.
4. A Feira da Liberdade, que rola aos fins de semana, é de longe o destino mais pop dali. Nas barracas, dá para encontrar bugigangas em geral, mas o que mais atrai multidões é a área de comes, com yakisoba, tempurá e guioza, entre outras pedidas típicas – e outras nem tanto, caso do acarajé e da cocada.
5. No último dia do ano, o festival Moti Tsuki parece o equivalente ao nosso Réveillon. Na festança, há apresentação de percussão e são distribuídos motis, os bolinhos de arroz que os japoneses acreditam que dêem sorte.
6. A Liberdade abriga ainda outras festanças japonesas. Em julho, no Tanabata Matsuri, ruas ficam decoradas e, em bambus, o público pendura papeis com desejos. Em abril, o Festival das Flores (ou Hanamatsuru) comemora o nascimento de Buda. O Toyo Matsuri, em dezembro, celebra a cultura oriental.
7. O Campeonato de Sumô da Liberdade rola todo ano em maio. De diferentes lugares do país, participam mais de 200 atletas a cada edição.
8. A comunidade chinesa também faz suas festas no pedaço. Dança, comida típica e música têm vez no Ano Novo Chinês, com dois dias de comemoração. O desfile do dagrão é o ponto alto. Neste ano, ocorre nos dias 13 e 14 de fevereiro na Praça da Liberdade.
9. Sem contar as festividades, dá para comer bem nos restaurantes chineses do bairro. Fazem bonito as tiras de lombo ao molho de alho, salsão e pimentão do Taizan e o macarrão em caldo de frutos do mar e carne suína do Rong He.
10. Também há um bom coreano no bairro – e bem “friendly” aos não iniciados. Trata-se do Portal da Coreia, onde cardápio ilustrado e bem explicado sugere pratos como o bul go gui, churrasco de contrafilé temperado por um molho adocicado.
11. No Museu Histórico da Imigração Japonesa, mais de 100 000 objetos, fotografias e documentos sobre a vinda dos japoneses ao país se espalham pelo prédio da Rua São Joaquim.
12. Na mesma via, o Templo Busshinji acolhe aqueles que buscam a tradição do zen-budismo. Ideal para quem quer se iniciar na meditação.
13. Aos amantes do relax: no Ofurô Zenigamê, encontram-se as tradicionais banheiras de madeira orientais à venda. Para aparelhos de massagem, o Yamaguchi Zen é o lugar.
14. Zen de um lado, a Liberdade também é terra de agito. Prova disso é a festa Javali, que atrai multidões à Lega Itálica, espaço das antigas. A noitada, que volta ao prédio em 26 de fevereiro, recebe modernos e gays que dançam MPB, indie rock e até Chitãozinho & Xororó sob uma chuva de balões.
15. Sim, o Cine Joia já foi um cinema dedicado às produções japonesas que funcionou até os anos 80. Depois, virou igreja. No fim de 2011, foi reaberto com uma nova função: balada e casa de shows, com uma programação bacana. Isso não impede, porém, que vez ou outra filmes sejam exibidos no local.
16. Os fãs de cantoria têm vez nos diferentes karaokês que povoam o bairro. O mais famoso se chama Chopperia Liberdade, lugar de decoração kitsch onde senhores de olhos puxados se mesclam a jovens ocidentais para soltar o gogó.
17. Quem preferir uma botecagem de leve – e com intenções, digamos, “gourmets” – deverá ir ao Izakaya Issa. Enquanto bebe um saquê geladinho no balcão, mastigue o takoyaki, cremoso bolinho assado de polvo, bem leve.
18. Mesmo com clima quente, é certo que se formarão filas em frente às casas de lámen mais famosas da capital. Tanto no Aska quanto no Lámen Kazu, a especialidade é a tigela fumegante de massa em um caldo saboroso.
19. Quem estiver cansado dos restaurantes moderninhos ou dos rodízios japas, encontrará também opções mais tradicionais na Liberdade. São ambientes sem firulas e comida idem, como o Ban, o Sushi Lika, o Sushi Yassu, o Sendai… Aliás, fica por ali o mais antigo restaurante japonês de São Paulo. Com cinquenta anos de história, o Hinodê se situa na Rua Tomás Gonzaga e apresenta um extenso cardápio.
20. Há lojas que atraem os aprendizes de ‘masterchef’, como a Omiyague, que vende cacarecos como descascador para fazer espaguete de legumes. Na Tenman-ya, entre os artigos típicos do Japão, destacam-se as afiadas facas japonesas e os hashis com estampas no cabo de madeira.
21. Comidinhas e ingredientes orientais – e de muitas outras nacionalidades – são vendidos nas mercearias da região. A mais famosa é a Marukai, com estrutura de supermercado. Repousam nas gôndolas refrigeradas saquinhos com gengibre, nabo e raiz de lótus em conserva. Também são encontrados ali maruten (massa de peixe), guioza e grande variedade de pasta de missô.
22. Situada em em frente à Praça da Liberdade, a Livraria Sol conta com grande variedade de mangás (também em português), além de outras publicações em versão estrangeira.
23. Com jeitão de papelaria oriental, a seleção de produtos da Fancy Goods vai além das borrachinhas em formatos de comida chinesa e pino de boliche. Há lancheiras e marmitas estampadas, adesivos, guarda-chuvas coloridos…
24. Para se enfeitar, muita gente aparece nas lojas da Ikesaki, de produtos de beleza a preços mais baixos e separados por segmentos, como unhas, cabelo e depilação. Na Audrey, encontram-se uma infinidade de acessórios, como cílios postiços e pinceis.
25. No meio do seu rolê, vale reservar alguns minutos para devorar um pastel crocante na Yoka. Uma delícia.
Matéria vinculada : Veja São Paulo 1 jun 2017