No ranking dos 10 mais arborizados, Cidade Jardim e Vila Nova Conceição possuem preços mais altos.
Jéssica Díez Corrêa, especial para O Estado
Palco de um processo de urbanização acelerado, a cidade de São Paulo possui, em média, quatro árvores a cada 100 metros de via pública, de acordo com levantamento realizado pelo Grupo Zap. O estudo foi feito a partir de fotos de satélite disponíveis em uma base de dados do GeoSampa.
“O verde está ligado à qualidade de vida. Há uma melhora no nível térmico, os bairros ficam mais frescos durante o verão porque a vegetação retém a umidade por mais tempo”, diz o arquiteto e urbanista Leonardo Junqueira.
Ele afirma, no entanto, que o índice da capital está abaixo do ideal. “Há alguns estudos para o plantio de árvores na cidade de São Paulo. Em média, para cada 100 metros, levando em conta lotes com aproximadamente 15 metros de frente, deveríamos ter oito árvores, ou seja, o dobro do existente.”
A cantora Priscilla Schreier, de 25 anos, se mudou para um apartamento no Brooklin há seis meses, depois de visitar mais de 30 imóveis. Vinda do Rio de Janeiro, Priscilla buscava um local arborizado, pensando em seu bem-estar e também em passear com Dudu, seu cachorrinho. “Quanto mais árvores, melhor. Quando vejo verde pela janela, meu humor melhora e eu sei que o dia vai ser bom.”
O Brooklin, escolhido por Priscilla, está entre os dez bairros mais arborizados da capital paulista. Segundo a pesquisa, o campeão é o Alto da Boa Vista, com uma média de 15 árvores a cada 100 metros de via. O vice-campeão é o Alto de Pinheiros, com 12. Com 11 árvores, o Jardins ocupa o terceiro lugar no pódio. Os três bairros somam cerca de 30 mil árvores. Na cidade, são 652 mil mapeadas pela Prefeitura de São Paulo.
O resto do top 10 dos bairros mais arborizados segue com Brooklin (10 árvores), Cidade Jardim (10), Santa Cecília (10), Vila Nova Conceição (9), Pacaembu (9, Itaim Bibi (9) e Real Parque (8).
“Há, de certa forma, uma oferta restrita de arborização”, comenta o porta-voz da Inteligência de Mercado do Grupo Zap, Caio Bianchi. Não é à toa que áreas com arborização acima da média sejam mais procuradas e valorizadas.
Brooklin, Jardins, Alto de Pinheiros e Itaim Bibi figuram na lista das zonas mais procuradas para venda e locação, de acordo com o Grupo Zap e com informações da Lello Imóveis. Gerente de vendas da imobiliária, Marcio Antonucci, afirma: “Como existem poucas regiões na capital com esse biotipo, elas são super valorizadas.” Os bairros com menos árvores, por outro lado, possuem metro quadrado mais baixo.
Valorização.
O gerente comercial da MAC, Ricardo Pajero, afirma que a construtora consegue vender apartamentos nos bairros mais verdes com um valor até 10% mais alto do que em outras regiões.
“Quanto mais a rua é arborizada, mais conseguimos agregar valor ao empreendimento.” O diretor técnico da Tarjab Construtora, Sérgio Domingues, discorda. “Você não aumenta o valor do empreendimento, mas tem um desempenho mais ágil. O grande benefício é aumentar a velocidade das vendas.”
Ainda assim, o levantamento identificou que as regiões com mais árvores, via de regra, são as que possuem metro quadrado mais caro. Segundo o estudo, os bairros mais valorizados no mercado secundário (de imóveis usados) são Cidade Jardim e Vila Nova Conceição, onde o m² custa, respectivamente, R$ 18.761,00 e R$ 17.572,00. Ambos estão entre as dez áreas mais arborizadas da capital.
Incorporadores ouvidos pela reportagem dizem que a geração fitness também é um público-alvo desses bairros. As áreas arborizadas, menos quentes, convidam ao exercício nas ruas. O editor de vídeos Fabio Sala, 28 anos, sempre morou na zona sul e gosta de aproveitar as áreas arbóreas da região com a namorada. “Domingo, pegamos a ciclofaixa e passeamos e corremos pelo parque. O visual é bem bonito.”
Apesar das vantagens acima, um ponto de atenção. “As áreas verdes adensadas criam locais mais escuros, mais escondidos, e podem contribuir na diminuição da segurança”, diz o diretor técnico da Tarjab Construtora, Sérgio Domingues.
Fonte : Estadão