Ao alugar ou comprar imóvel, consumidores consideram mais a proximidade com metrô e linhas de ônibus que com o espaço físico do empreendimento.
O mercado imobiliário vem percebendo mudanças nas preferências dos paulistanos em relação à compra de imóveis. O tamanho dos empreendimentos está perdendo para a localização. Além disso, a opção de alugar ao invés de comprar tem se fortalecido.
Para o vice-presidente de intermediação imobiliária e marketing do Secovi-SP, Elbio Fernandez Mera, as principais mudanças nas preferências dos paulistanos seguem dois modais. O primeiro é o de mobilidade, ou seja, os consumidores têm apostado mais em comprar ou alugar imóveis considerando sua proximidade com estações de metrô e linhas de ônibus do que em relação ao tamanho.
“As pessoas querem morar a, no máximo, 30 minutos de onde onde trabalham”, afirma. Esse critério, segundo ele, acaba sendo mais importante que as características do apartamento ou da casa negociada, como o tamanho.
Outro modal que tem conduzido as preferências do paulistano, na visão de Mera, é a proximidade com as opções de lazer da cidade. Ele explica que as regiões ao entorno de parques, por exemplo, estão bem valorizadas e com grande demanda. “Os consumidores querem estar próximos de áreas verdes e ter um local para ‘esticar as pernas’ no fim de semana”, comenta o executivo.
Já para o economista-chefe do Grupo ZAP, portal de informações sobre o mercado imobiliário e de classificados, Sergio Castelanni, a principal mudança no perfil do consumidor foi o crescimento das buscas por aluguel.
Na visão do especialista, o gatilho para essa alteração foi o período de crise enfrentado pelo segmento nos últimos anos. “Os consumidores que queriam comprar um empreendimento, com a crise, passaram a querer alugar. Ou então procuraram por uma casa menor”, analisa.
De acordo com ele, o ápice da crise no mercado imobiliário ocorreu entre 2012 e 2013, com preços estagnados e, em alguns casos, com queda. Segundo um estudo da Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo (Arisp), divulgado nesta semana, em 2012, foram comprados ou vendidos 146.779 imóveis. Nos últimos 12 meses, encerrados em março, esse número caiu para 112.956 unidades.
Castelanni avalia que, embora a procura por locação esteja cada vez maior, o mercado nacional de aluguéis de imóveis ainda é pequeno em comparação com o de países desenvolvidos. A previsão, porém, é que o segmento se consolide nos próximos anos. “As famílias estão cada vez menores e não valorizam tanto a casa própria ou imóveis muito grandes”, diz.
Mera, do Secovi-SP, considera que a percepção dos consumidores mais velhos em relação ao retorno financeiro que o mercado imobiliário oferece está fomentando a procura por locação. Ou seja, o interesse dos paulistanos, principalmente os que estão na chamada “terceira idade”, na compra de imóveis para, posteriormente, alugá-los vem ganhando força nos últimos anos.
“Quem está com mais idade pensa como vai ser sua aposentadoria. Por isso, ao analisar o cenário atual, acabam preferindo comprar um imóvel e contar com a renda de aluguel”, afirma o especialista.
REBECCA EMY • SÃO PAULO | Publicado por DCI em 05/06/19