Área nobre da capital paulista apresenta maior qualidade de vida do que a Zona Sul. Trinta e três distritos não possuem nenhum leito hospitalar.
Morador dos Jardins, região nobre de São Paulo, chega a viver 23,7 anos a mais, em média, do que quem reside no distrito do Jardim Ângela, na Zona Sul da capital paulista, segundo o Mapa da Desigualdade, estudo realizado pela Rede Nossa São Paulo e divulgado nesta terça-feira (24).
O cálculo da média foi obtido a partir da divisão da soma das idades ao morrer pela quantidade total de óbitos em todas as idades, ocorridos em determinado ano e localidade. A pesquisa também mostra a desigualdade entre os bairros em temas como habitação, vagas em creches, mortalidade infantil, equipamentos esportivos e número de centros culturais.
Enquanto, o morador dos Jardins vive 79,4 anos, em média, o morador do Jardim Ângela vive 55,7 anos.
A qualidade de vida está diretamente associada a esses números. Podemos identificar as diferenças verificando dados sobre renda e acesso à saúde. Quem mora no Jardim Paulista (R$ 3.777,08) ganha quase o dobro de quem mora no distrito da Zona Sul (R$ 1.889,36).
O número de leitos hospitalares também apresenta grande discrepância. Enquanto o Jardim Paulista registra 34,7 leitos hospitalares públicos e privados disponíveis a cada mil habitantes, o Jardim Ângela apresenta apenas 0,76 leitos.
“O que a gente percebe no mapa é que a desigualdade é cumulativa, ela não é apenas por renda. Tem desigualdade nos serviços de saúde, educação, segurança, saneamento, assistência social e isso acaba gerando um ambiente propício para que espaços sejam carentes e acabam trazendo indicadores lamentáveis em uma cidade como São Paulo”, afirmou Jorge Abrahão, coordenador-geral da Rede Nossa SP.
Quando o assunto são os leitos hospitalares disponíveis para internação, o que chama mais atenção é o fato de 33 distritos não possuírem nenhuma vaga para internação.
Bela Vista, no Centro, é o distrito que mais possui leitos hospitalares, com 46,4 vagas para cada mil habitantes. Já o bairro de Vila Medeiros, na Zona Norte, é o distrito com pior índice: 0,041 vagas a cada mil habitantes.
Saúde
A Sé o melhor distrito da cidade nas horas de atendimento básico dos profissionais cadastrados no SUS (Sistema Único de Saúde). A região apresenta um índice de 61,97 a cada mil habitantes, enquanto o Jardim Paulista aparece com índice de 1,47, considerado o pior da cidade.
A maior concentração de UBSs (Unidades Básicas de Saúde) a cada 10 mil habitantes é Marsilac (2,51), e Tatuapé (0,10) é o pior distrito.
A desigualdade entre o melhor e pior distrito pelo número de mortes pela Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) chega a 27,53. Nos Jardins, o melhor distrito, o índice é de 0,111; o pior é a República, com 3,07.
Já o índice de mortalidade infantil é 20,97 vezes menor em Perdizes (1,04), na Zona Oeste, do que na Sé (21,83).
A mortalidade por causas mal definidas na declaração de óbito é 16,92 vezes maior em Guaianases, que tem índice de 5,30 do que em Santo Amaro (0,313).
O número de óbitos por doenças no aparelho circulatório como AVC (Acidente Vascular Cerebral), também conhecida como derrame, doença isquêmica do coração e infarto do miocárdio, tem Água Rasa como o pior distrito (36,26) e Vila Andrade como o melhor (6,97).
A mortalidade por doenças do aparelho respiratório a cada 10 mil habitantes é de 1,91 no distrito Anhanguera e de 17,39 na Barra Funda.
Já a Barra Funda (260,83) é o distrito com maior número de mortes por câncer, enquanto Anhanguera (47,25) registra o menor número.
O Pari é o bairro com o maior registro de mortes de trânsito (16,37) enquanto a Vila Leopoldina é o mais tranquilo (2,13).
A gravidez na adolescência, número de nascidos vivos de mães com até 19 anos, sobre o total de nascidos vivos de mães que moram em determinada região, registrou um “desigualtômetro” (índice que mostra a diferença entre o menor e o maior valor) de 25,79. Marsilac (22,88), no extremo da Zona Sul, é a região com o maior índice de adolescentes grávidas (22,88), enquanto Moema (0,887), região nobre da Zona Sul, apresenta o menor número de jovens grávidas.
Fonte G1