Mudança do IGP-M para o IPCA como índice para reajuste do aluguel tem sido objeto de negociação entre inquilinos e proprietários.
Ao longo dos meses com o aumento do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), muitos economistas chegaram à conclusão que esse não é o melhor índice para realizar a correção dos aluguéis, e muitas das empresas imobiliárias já tiveram que se adaptar às mudanças que afetam diretamente o seu público.
Durante a pandemia muitos inquilinos e proprietários tiveram que se adaptar com as mudanças ocorridas nesse período, palavras como “isenção” começaram a surgir cada vez mais nos contratos.
A entrevistada e cliente da imobiliária Luciana comenta sobre o acordo de isenção feito com a proprietária de seu imóvel e afirma que “a locação é como um casamento, as duas partes precisam ceder”.
De acordo com a Lello Imóveis, a maioria dos reajustes de aluguel foram feitos pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), sendo 33% dos casos, 30% outros valores estipulados pelos inquilinos e proprietários, 29% dos contratos não contaram com reajustes e apenas 8% aplicaram o IGP-M.
Segundo Moira Toledo, diretora da Lello Imóveis, as melhores pessoas para realizarem a negociação no contrato são de fato o inquilino e proprietário, pois só elas são capazes de fazer a relação ser duradoura.
“As partes de ponta a ponta vão encontrando nesse meio do caminho, esse equilíbrio econômico do contrato que só elas no caso concreto, elas são as melhores pessoas para estipular e fazer com que essa relação perdure por bastante tempo, que é o que todo mundo quer”, diz a diretora.
Desde 2020, o IGP-M está subindo cada vez mais, em setembro de 2021 houve uma queda mas mesmo assim está em 25%, quase o dobro do índice oficial.
Os economistas dizem que o IGP-M não é o melhor índice para corrigir aluguéis porque considera mais a variação de preços de matéria prima e insumos de construção do que a inflação para o consumidor.
O professor de economia da FGV, Marcelo Kfoury, explicou: “A parte do consumidor no IGP é só 30%. Então não faz sentido reajustar aluguel ou escola com IGP-M. Tem que reajustar com inflação ao consumidor. No longo prazo, esses dois índices devem convergir um para o outro, mas deve demorar bastante”.
Paula se surpreendeu ao receber uma mensagem de seu inquilino dizendo “No entanto, agradeço ao nosso acordo que fizemos e ao reajuste justíssimo do aluguel, muito obrigada!”, isso porque ela optou por deixar o IGC-M de lado e utilizar o IPCA para o reajuste do aluguel.
A radialista e produtora de audiovisual, disse que mesmo diante a situação ela não via necessidade desse aumento e que deveria entender o outro lado também. Finalizou dizendo “de alguma maneira a gente está fazendo alguma coisa correta no meio dessa pandemia”.