“Informações estão em ata da mais recente reunião do Copom, divulgada nesta terça. Na semana passada, órgão voltou a reduzir juros, agora para 8,25% ao ano”.
Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, responsável por fixar os juros básicos da economia, informou nesta terça-feira (12) que uma “redução moderada” no ritmo de corte de juros em seu próximo encontro, no fim de outubro, “parece adequada sob a perspectiva atual”.
Com isso, o Copom sinaliza que deve diminuir o ritmo de corte dos juros que, nas últimas reuniões, foi de um ponto percentual. A informação consta de ata da mais recente reunião do Copom, realizada na semana passada, quando os juros básicos, ou taxa Selic, foram reduzidos de 9,25% para 8,25% ao ano.
Para o próximo encontro do Comitê de Política Monetária do BC, o mercado financeiro já estima um corte menor, de 0,75 ponto percentual. Se isso se confirmar, a Selic passaria de 8,25% para 7,5% ao ano.
Os economistas preveem ainda que os juros cairão para 7% ao ano em dezembro, uma redução menor ainda, de 0,5 ponto percentual na última reunião do Copom em 2017.
Passos seguintes
O Copom também citou, na ata do encontro realizado na semana passada, considerações sobre os passos seguintes à próxima reunião. “O Copom julgou conveniente sinalizar que, caso o cenário básico evolua conforme esperado no momento, o Comitê antevê encerramento gradual do atual ciclo de flexibilização monetária”, informou.
Segundo a expectativa das instituições financeiras, após cair para 7% ao ano em dezembro de 2017, o que seria o menor patamar da história, a taxa básica de juros da economia brasileira deverá ficar estável até o final de 2018, quando deve subir para 7,25% ao ano.
Apesar de indicar o fim do ciclo de cortes de juros nos próximos meses, a instituição também informou que a conjuntura econômica, com expectativas de inflação ancoradas (às metas) e elevado grau de ociosidade na economia, entre outros fatores, prescreve política de juros “estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural”.
Por fim, o BC informou ainda que o processo de corte dos juros continuará dependendo da “evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”.
Como as decisões são tomadas
A definição da taxa de juros pelo BC tem como foco o cumprimento da meta de inflação, fixada todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Para 2017 e para 2018, a meta central de inflação é de 4,5%, com intervalo de tolerância para cima e para baixo. Isso significa que a meta será formalmente cumprida mesmo que não fique em 4,5%, mas desde que fique dentro do intervalo previsto para cada ano.
Normalmente, quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic na expectativa de que o encarecimento do crédito reduza o consumo e, com isso, a inflação caia. Essa medida, porém, afeta a economia e gera desemprego.
Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas pré-determinadas pelo CMN, o BC reduz os juros. É o que está acontecendo agora.
Em razão do fraco nível de atividade, com a economia brasileira começando a sair da recessão dos últimos anos, a inflação tem registrados níveis mais baixos em 2017.
De janeiro a agosto, segundo o IBGE, a inflação oficial, medida pelo IPCA, ficou em 1,62%, bem abaixo dos 5,42% registrados em igual período do ano passado. Este foi o menor acumulado no ano para um mês de agosto desde a implantação do Plano Real (1994).
Para 2017, o mercado financeiro prevê que a inflação deve ficar em 3,38%, abaixo da meta de 4,5% fixada pelo CMN para este ano. A meta central de inflação não é atingida no Brasil desde 2009.
‘Surpresa desinflacionária’
O Copom avaliou ainda, por meio da ata de seu último encontro, que a dinâmica dos preços dos alimentos representou uma “substancial surpresa desinflacionária”, contribuindo para o recuo mais forte da inflação nos últimos meses.
“Nos doze meses findos em agosto de 2017, o custo da alimentação no domicílio medido pelo IPCA acumula queda de 5,2%, em contraste com aumento de 9,4% em 2016, o que representaria uma contribuição de mais de dois pontos percentuais para a desinflação ocorrida até agosto de 2017”, informou o BC.
Os diretores do BC concordaram que essa “queda intensa dos preços de alimentos constitui uma substancial surpresa sesinflacionária e responde por parcela relevante da diferença entre as projeções de inflação para 2017 e a meta de 4,5% vigente para esse ano”.
Também lembraram, porém, que as projeções de inflação para 2018 embutem “alguma normalização da inflação de alimentos”. “Uma normalização mais lenta constitui risco baixista para essas projeções [de inflação para o próximo ano]”, concluíram.
Crescimento da economia
O Banco Central avaliou ainda que o processo de “estabilização da economia” se consolidou. Segundo os integrantes do Copom, a atividade econômica deve seguir em “trajetória de recuperação gradual, cujos primeiros sinais já são perceptíveis”.
Para a autoridade monetária, à medida que a recuperação econômica avança, o crescimento do consumo deveria abrir espaço para a retomada do investimento. “[Os membros do Copom] também ponderaram que há sinais de recuperação do emprego mesmo nessa fase do ciclo”.
Matéria vinculada ao g1.globo.com