Enquanto cientistas, epidemiologistas e pesquisadores buscam soluções para erradicar a pandemia, o distanciamento social é a única medida realmente eficiente para conter a disseminação do vírus. Tal realidade fez o mundo parar por alguns instantes, como num suspiro.
Esta paralisação impactou o mercado de locação de imóveis residenciais, quando cogitou-se uma moratória no pagamento dos aluguéis, com a ânsia da preservação da moradia sob a crença, falaciosa, de que o locatário é o vulnerável da relação e precisava ser protegido dos efeitos econômicos da pandemia, os quais seriam suportados pelo locador.
Nesse momento, demonstrou-se que aproximadamente 75% dos proprietários que investem em locação residencial têm apenas um imóvel. Dentre eles, muitos dependem da renda do aluguel para a sua própria subsistência. Eventual intervenção estatal na locação poderia acarretar efeitos catastróficos, desequilibrar as relações e desestimular o investimento no setor, que é importante ferramenta para solucionar o déficit habitacional.
A negociação, praticada e estimulada pelas administradoras, propiciou solução adequada a cada caso concreto, atendendo aos interesses de locador e locatário, que são convergentes, e seu equilíbrio permite relações duradouras e necessárias para ambas as partes. Assim, a negociação passou a ser um mantra ao longo de 2020.
Recursos digitais foram fundamentais para viabilizar o diálogo, concretizar acordos e celebrar novos contratos. Tudo eletronicamente.
O espaço procurado pelos clientes foi revisto. Para residências, algumas pessoas buscaram imóveis maiores, com áreas abertas e que viabilizassem o home office; outras, optaram por espaços menores para equilibrar o orçamento doméstico.
Quando se percebeu certa acomodação do mercado de locação, sobreveio a alta do IGP-M,
índice mais utilizado para reajustes dos aluguéis, fechando o mês de novembro em 24,52%, no acumulado de 12 meses, e surpreendendo a todos por seu descolamento dos demais índices.
Diante disso, urge outra missão: que sejamos protagonistas de uma nova onda de negociação justa entre proprietários e inquilinos! Afinal, além de muitos locatários não terem se recuperado totalmente do impacto econômico da pandemia, este porcentual do IGP-M não necessariamente traduz a real valorização do aluguel nestes tempos.
Mais uma vez, o foco deve ser no equilíbrio, na perenidade da relação locatícia e no rendimento dela proveniente. Deve haver justa solução para o caso concreto. E mais uma vez, para isso, não precisaremos da intervenção governamental.
Com diálogo e bom senso, o segmento de administração imobiliária vem dando seu recado. A transformação digital, tendo as relações humanas como foco central, será o diferencial em 2021. O mercado de locação residencial continuará próspero no próximo ano, atraindo cada vez mais investimento nacional e internacional para a sua expansão.
*CEO da Lello Imóveis e diretor do Secovi-SP
Fonte: https://www.secovi.com.br/coluna-secovi