O mercado de imóveis, assim como outros de nossa economia, vive ciclos. Ora a oferta está acima da demanda, ora o inverso. O desejável, naturalmente, é que haja certo equilíbrio, aliado a um cenário econômico estável, para que as transações fluam.
Nos últimos dois anos a economia brasileira andou para trás, e o PIB (Produto Interno Bruto) recuou aos níveis de 2010, conforme apontou estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O País sentiu o gosto amargo da recessão, com um desemprego recorde, a inflação galopou e a crise se instalou. Somente agora a economia começa a dar alguns sinais de que vai sair da UTI.
Obviamente, o setor imobiliário foi afetado pela crise econômica. Foi-se o tempo em que incorporadoras planejavam condomínios com apartamentos de quatro dormitórios mais três vagas em garagem com varanda gourmet e vendiam tudo até o lançamento ou, no máximo, no primeiro plantão de vendas.
No mercado secundário, isto é, aqueles de imóveis usados, o baque também foi sentido, especialmente porque este setor viveu muitos anos de euforia e de crescimento desde 2008, com grande valorização das unidades devido à alta demanda, farto crédito imobiliário e, consequentemente, muitos negócios sendo fechados.
O financiamento bancário de imóveis, que havia dado um salto desde 2010, chegando a representar 48% das transações em 2013, recuou. Em 2016, apenas 30% das vendas de casas e apartamentos se concretizaram mediante concessão de crédito.
Atrelado à escassez do crédito, que paulatinamente vem sendo revertida, há o fato de que muitos interessados em comprar imóveis não conseguem comprovar renda ou cumprir todas as exigências para conseguir a liberação do financiamento. Isso, claro, fruto do cenário de desemprego e informalidade.
Para 2017 e 2018 a perspectiva dos especialistas, e do próprio governo, é de melhora na economia. Alguns sinais de retomada da atividade industrial e criação de novos empregos já surgem no horizonte. Os juros básicos estão caindo, o ritmo da inflação nitidamente já recuou e a percepção é a de que o país volta a respirar.
Evidentemente que, após uma fase de crise profunda como a que vivemos, a recuperação não se dará a passos rápidos, mas de forma lenta e gradativa. O importante é que seja consistente e sem sobressaltos.
No mercado imobiliário também se vislumbra tal recuperação. Mas as oportunidades já existem e são reais tanto para quem pretende mudar de casa quanto para aqueles que desejam vender seus imóveis. Por se tratar de via de mão dupla, a transação imobiliária pode ser viabilizada se houver, atrelada à boa oferta, flexibilidade na negociação.
Do ponto de vista de quem procura um imóvel para comprar, a melhor hora é agora. O financiamento bancário aos poucos vem sendo ampliado novamente e houve uma considerável acomodação dos preços solicitados pelos proprietários em relação ao quadro de valorização registrado em anos anteriores.
Mais do que isso: hoje o candidato a comprador pode dedicar mais tempo para pesquisar de maneira aprofundada as ofertas, avaliar, ponderar, fazer comparações, pleitear descontos e, desta forma, escolher o imóvel que mais se adapta às suas demandas e de sua família. Diferentemente do que já ocorreu em outras épocas, não há mais uma “concorrência” acirrada pelos mesmos imóveis.
E, para quem tem um imóvel menor para oferecer na negociação, uma boa notícia: hoje tanto proprietários quanto corretores de imóveis estão muito mais propensos a aceitar a chamada “permuta”, algo que praticamente inexistia no passado, visando facilitar a negociação.
Do lado dos proprietários que colocaram ou desejam colocar seus imóveis à venda, flexibilidade é a palavra-chave. É importante avaliar contrapropostas e ter claro que pode valer mais à pena conceder um bom abatimento em relação ao preço originalmente pedido a ficar com o imóvel desocupado, tendo de arcar com despesas como cota de condomínio e IPTU.
Do mesmo modo, pequenos reparos e ajustes estéticos no imóvel, deixando-o em bom estado de conservação, podem ajudar a vendê-lo mais rapidamente.
A economia do País ajusta seu prumo e assim o faz o mercado imobiliário, na perspectiva de um novo ciclo. As oportunidades existem tanto para proprietários quanto para os candidatos a compradores. Então, vamos aproveitá-las.
Autor: Igor Freire – Diretor de Vendas da Lello Imóveis.
Matéria veiculada no dia 21 de Maio de 2017 em O Estado de S. Paulo – Imóveis