Visitar a casa de alguém é conhecer parte da sua intimidade. Isso acontece com a visita a amigos, mas pode acontecer também numa visita a casas museus. Nelas, é possível conhecer não só mais da obra de um artista, mas também curiosidades e detalhes sobre seu modo de vida.
Em São Paulo, existem algumas dessas casas museus abertas ao público. Nelas viveram importantes escritores, como Mário de Andrade e Guilherme de Almeida, artistas plásticos, caso de Lasar Segall, e arquitetos, como Gregori Warchavchik, na Casa Modernista, e Lina Bo Bardi, na Casa de Vidro.
Conheça algumas casas museus a seguir e organize sua visita!
Casas museus: vida e arte de Mário de Andrade
Um dos principais nomes do Modernismo de São Paulo, Mário de Andrade é ligado a vários endereços, afinal, viveu a maior parte de sua vida na capital. Seu acervo e suas idealizações estão no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, no Centro Cultural São Paulo e na Biblioteca Mário de Andrade, por exemplo.
Na Avenida São João, há o tombado prédio do antigo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde ele deu aulas. Mas as memórias se espalham como o próprio escritor no seu poema “Quando eu morrer, quero ficar”.
Mas poucos lugares falam tanto a respeito dele como a Casa da Rua Lopes Chaves, na Barra Funda, apelidada por ele de Morada do Coração Perdido, onde viveu os últimos anos de sua vida. Não por acaso, foi onde ele sugeriu que deixassem a sua cabeça. A casa, cujo endereço era citado recorrentemente em prosa e verso, foi aberta ao público em 2015, quando dos 70 anos de sua morte. Lá estão objetos pessoais do artista e móveis originais da época em que servia de moradia.
Casa museu da Colina
Integrante do grupo que concebeu a Semana de Arte de 22, assim como Mário, o poeta Guilherme de Almeida tem a sua Casa da Colina na Rua Macapá, no Pacaembu, mantida como museu.
Além de servir à memória do autor e sua obra, tem em seu acervo obras de grandes artistas, como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Emiliano di Cavalcanti, Lasar Segall e Victor Brecheret. São trabalhos presenteados ao antigo morador. O espaço sedia o Centro de Estudos de Tradução Literária, ofício a que Almeida se dedicou durante boa parte da vida.
Residência Segall
Nascido na Lituânia, o pintor Lasar Segall chegou ao Brasil em 1923, um ano depois da Semana de Arte Moderna. Ele já havia passado pelo país na década anterior, época em que fez algumas exposições de seu trabalho. Segall tinha estudado na Alemanha e já tinha tido contato com movimentos europeus de vanguarda, antes de ser ameaçado pelo nazismo.
Desde os anos 1930, Segall passa a viver com sua família na casa da Rua Berta, na Vila Mariana, projetada pelo seu concunhado, o arquiteto ucraniano Gregori Warchavchik, um dos precursores da arquitetura moderna no Brasil. A casa reúne obras do artista, além de acervo documental, fotográfico e bibliográfico. Ali também funcionava também o ateliê do artista. A antiga residência conta também com um cinema e um grande acervo de teatro, paixão da esposa de Segall, Jenny Klabin Segall, que foi também tradutora e teve papel fundamental na criação do museu.
Casa Modernista
Não muito distante da casa de Segall, outra obra de Warchavchik se tornou museu. É a Casa Modernista, na Rua Santa Cruz, construída para ser a moradia do arquiteto e de sua família. Projetada em 1927 e construída em 1928, a edificação é considerada a primeira obra de moderna implantada no Brasil.
A residência foi construída sob os paradigmas do texto “Acerca da Arquitetura Moderna”, que ele havia publicado em 1925, como um desdobramento da Semana de 1922. A esposa do arquiteto, Mina Klabin foi responsável pelo projeto do jardim, um dos primeiros da cidade a se valer de espécies tropicais.
Casas museus: obra de Lina Bo Bardi
De uma fase posterior do modernismo, a arquiteta italiana Lina Bo Bardi é responsável por algumas das obras mais icônicas da cidade. O Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, é seu principal marco, com seu enorme vão livre.
A adaptação de uma antiga fábrica para sediar o Sesc Pompeia, nos anos 1970, e a forma atual do Teatro Oficina, obra de 1990, são outras de suas contribuições à cidade. O Oficina foi eleito o melhor teatro do mundo na categoria “projeto arquitetônico” pelo The Observer, o jornal dominical do The Guardian, em 2015. O Sesc Pompeia foi considerado pelo jornal The New York Times, em 2021, uma das 25 obras arquitetônicas mais importantes construídas depois da Segunda Guerra Mundial.
Na Rua General Almério de Moura, no Morumbi, fica a casa que a arquiteta projetou para morar com seu marido, o jornalista e crítico de arte Pietro Maria Bardi, um dos criadores do Masp. Conhecida como Casa de Vidro, a edificação datada de 1951 tem como marcas a integração com a natureza do terreno, coberto de Mata Atlântica, e o uso de transparências e opacidades. Além da própria visitação à casa, o local reúne o acervo artístico e cultural do Instituto Lina Bo Bardi e Pietro Mari Bardi.
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