Grupos ensaiam passos de k-pop ao lado de outro das aulas para passistas de escolas de samba e galeras que se dedicam ao street dance. Essa convivência entre turmas tão distintas em suas praças e corredores é uma das marcas do Centro Cultural São Paulo (CCSP), na Rua Vergueiro, ao lado da estação do Metrô de mesmo nome.
Uma oficina comunitária de bicicletas, mesas de xadrez e um jardim com horta comunitária (e uma vista incrível da cidade) reforçam a diversidade de gente e atividades em um espaço público tipicamente paulistano.
O ecletismo também está presente nas atrações, com sala dedicada à música, espaços para exposições de artes visuais, cinema e teatros – de arena e palco italiano convencional – e um espaço alternativo no porão usado para palestras, debates e oficinas. A maioria das atividades sem cobrança de ingressos ou com preços acessíveis.
Conheça a história e as atividades disponíveis no Centro Cultural São Paulo.
História do CCSP
Em seus 40 anos de história, a principal vocação do Centro Cultural é a oferta de um grande acervo literário, artístico e cultural. Fundado em maio de 1982, seu primeiro uso cultural foi justamente a criação de uma biblioteca, para diminuir a sobrecarga do acervo da Mário de Andrade, no centro, a maior biblioteca pública municipal da cidade.
Para isso, foi utilizado um terreno cedido à Prefeitura pelo Metrô, após as obras de construção da Estação Vergueiro. A proposta inicial, na primeira metade da década de 70, era um complexo de escritórios, hotéis, um shopping center e uma grande biblioteca pública.
O Projeto Vergueiro não vingou e a administração municipal foi obrigada a indenizar o consórcio vencedor da licitação pública para a construção. Da ideia original, sobraria apenas a biblioteca, que foi ganhando espaço e, aos poucos, diversificando suas atrações.
Biblioteca herdada do Projeto Vergueiro
Sua biblioteca tem mais de 110 mil títulos. Além desse acervo, o centro conta uma biblioteca especializada para pessoas com deficiência visual, que reúne cerca de cinco mil volumes em braille e audiolivros, além de computadores e scanners com programas específicos para a acessibilidade.
Conta ainda com as obras vindas do Departamento de Informação e Documentação Artísticas (Idart), uma gibiteca com mais de 10 mil títulos entre álbuns de quadrinhos, gibis, periódicos e livros sobre HQ e a Coleção de Arte da Cidade, da antiga Pinacoteca Municipal.
Duas preciosidades de seu acervo são ligadas ao escritor modernista Mário de Andrade: o material da Missão de Pesquisas Folclóricas, idealizada por ele, e a Discoteca Oneyda Alvarenga.
Missão de Pesquisas Folclóricas
A missão idealizada pelo escritor percorreu Norte e Nordeste em 1938, quando Andrade era chefe do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo. O objetivo era registrar músicas folclóricas e de trabalho. Além das gravações, a coleção conta com instrumentos musicais, objetos de culto, peças utilitárias, fotos, reproduções de desenhos e filmes.
Discoteca Oneyda Alvarenga
A discoteca foi organizada por Oneyda, que foi secretária de Andrade, e foi concebida por ele como um acervo de música popular, folclórica e erudita nacional e estrangeira, a partir do hábito que o modernista tinha de catalogar todos os discos que ouvia em sua casa.
CCSP: um centro cultural multidisciplinar
Por suas grandes dimensões, o espaço ficou grande demais para ser apenas uma biblioteca. A ideia de criar um centro cultural multidisciplinar foi inspirada no Centro Georges Pompidou, fundado em 1977, em Paris.
Na época, o secretário de cultura era o poeta Mário Chamie, e sua esposa, a artista plástica Emilie, foi responsável pela criação do símbolo da instituição. O desenho foi pensado a partir da própria estrutura do prédio, com suas linhas curvas.
Eurico Prado Lopes seguiu à frente do projeto do centro cultural ao lado do seu sócio, o também arquiteto Luiz Telles. A construção teve diversos desafios em função de suas inovações e conceitos, que privilegiou as dimensões amplas e diversas entradas e caminhos.
A ideia era valorizar o aspecto multidisciplinar e evitar a compartimentação. O efeito pretendido foi obtido com o farto emprego de estruturas de ferro, acrílico, vidro e concreto armado. Lopes não pôde ver o projeto pronto, morrendo em abril de 1982, um mês antes da inauguração do CCSP. Hoje, seu nome homenageia o jardim de acesso da estação Vergueiro ao Centro Cultural.
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