Em empreendimentos de alto padrão, as coberturas muitas vezes são os primeiros apartamentos a ser vendidos. Maior privacidade e metragem são as principais vantagens vistas por quem compra esse tipo de imóvel.
“Você não tem nenhum vizinho do andar de cima para fazer barulho e, enquanto todos os apartamentos usam a piscina da área comum, você tem uma só sua na cobertura. É uma questão de exclusividade”, afirma Bruno Vivanco, vice-presidente comercial da Abyara.
Não há um único perfil de comprador da cobertura, segundo Igor Freire, diretor de Vendas da Lello Condomínios. “Há clientes que buscam uma piscina, outros querem espaço para dar festas e receber amigos. Além disso, há aquele glamour de morar na cobertura. Os compradores buscam por isso.”
Outro morador habitual da cobertura é aquele que deixou uma casa grande em busca da segurança de viver dentro de um prédio.
CUSTO BENEFÍCIO
Para a estudante Giovana Gaberlim, 19, o tamanho extra foi fundamental na escolha por uma cobertura no centro de São Paulo com quatro quartos, sendo três suítes, e cinco banheiros.
“O que chamou mais a atenção no apartamento foi a vista e o espaço amplo dos quartos, sala e cozinha”, diz Gaberlim, que mora com no imóvel com seus pais.
Em troca da comodidade, os moradores do última andar estão dispostos a pagar mais caro não apenas no valor nominal do apartamento, mas também IPTU e a cota do condomínio.
“Em um empreendimento de padrão mediano, esses custos fazem a cobertura virar um ponto fora da curva em vez de um atrativo. Mas ela se transforma em objeto de desejo quando falamos de alto padrão, onde o morador não se preocupa com o preço”, diz Vivanca, da Abyara.
O condomínio mais caro, contudo, costuma gerar atritos entre os vizinhos.
“Muitos proprietários de coberturas começaram a questionar o motivo de pagar um condomínio mais caro. Pela lei, o argumento é que o rateio é feito por fração ideal: como a cobertura tem fração maior, paga mais. No entanto, há decisões judiciais que questionam isso”, diz Márcio Rachkorsky, advogado especialista em condomínios.
Há ainda aqueles que, por pagarem uma cota maior de condomínio, querem que o valor do seu voto seja proporcional nas decisões do prédio. “Alguns condomínios já fazem isso, mas a maioria não”, diz Rachkorsky.
De maneira geral, contudo, a relação entre os moradores de coberturas e apartamentos convencionais melhorou bastante na última década.
“Antigamente a gente via uma rivalidade infantil. Os moradores de apartamentos comuns achavam o vizinho da cobertura era folgado e esse último dizia que os outros tinham inveja.”